No meio tempo, se puder, escreva!
- Fenita Mahendra
- 26 de jun.
- 2 min de leitura
A escrita é um procedimento que pode ajudar a ampliar o que nos ocorre para além de uma interpretação imediatista e concreta. Ajuda a iniciar um processo de diálogo com o que nos afeta. O que não tem expressão possível, vai ganhando uma. Através da escrita, nos aproximamos do conteúdo que se apresenta a nós, e então nos dispomos a acompanhar e observar para onde ele nos leva, para além do que nossa percepção presente consegue entender como dado. Abre um possível entendimento simbólico daquilo que nos acontece e convida a viver nossas fantasias, num lugar em que elas podem revelar uma verdade.
"Deve-se tomar, portanto, o estado afetivo inicial como ponto de partida do procedimento, a fim de que se possa fazer uso da energia que se acha no lugar errado. O indivíduo torna-se consciente do estado de ânimo em que se encontra, nele mergulhando sem reservas e registrando por escrito todas as fantasias e demais associações que lhe ocorrem. Deve permitir que a fantasia se expanda o mais livremente possível, mas não a tal ponto que fuja da órbita de seu objeto, isto é, do afeto (...) O procedimento em questão é uma forma de enriquecimento e ilustração do afeto e é por isso que o afeto se aproxima, com seus conteúdos, da consciência, tornando-se, ao mesmo tempo, mais perceptível e, conseqüentemente, também mais inteligível. Basta esta atividade para exercer uma influência benéfica e vitalizadora (...) o afeto, anteriormente não relacionado, converte-se em uma idéia mais ou menos clara e articulada, graças precisamente ao apoio e à cooperação da consciência. Isto representa um começo da função transcendente, vale dizer da colaboração de fatores inconscientes e conscientes." ~ C.G.Jung - A natureza da Psique

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